Zelensky agradece "apoio" da Irlanda para alcançar "final" para a guerra
- 02/12/2025
"Ninguém pode mentir ao mundo inteiro o tempo todo, nem mesmo Putin [Presidente russo]", afirmou o líder ucraniano num discurso perante os membros das duas câmaras do parlamento de Dublin, no final da sua primeira visita de Estado à República da Irlanda.
Zelensky pediu aos deputados para não "desviarem o olhar" nem "virarem a página" e defendeu que o Governo irlandês devia assumir um papel ativo na criação de um tribunal internacional onde o "agressor fosse responsabilizado pelos seus atos".
Agradeceu igualmente a generosidade da Irlanda por acolher ucranianos deslocados.
De acordo com dados oficiais, desde fevereiro de 2022, data do início da invasão russa do território ucraniano, a Irlanda acolheu mais de 120.000 refugiados ucranianos, a maioria dos quais continua a viver na ilha.
Anteriormente, o Presidente ucraniano teve uma reunião bilateral com o primeiro-ministro irlandês, Micheál Martin, que anunciou que irá destinar 125 milhões de euros adicionais a um fundo de ajuda "não letal" para a Ucrânia.
Os dois líderes assinaram a chamada Rota 2030 da Associação entre a Ucrânia e a Irlanda, um plano que amplia a cooperação iniciada em 2024 e eleva para 200 milhões de euros a ajuda concedida este ano pelo Governo de Dublin.
Numa conferência de imprensa posterior, Zelensky analisou a evolução das negociações sobre o plano de paz proposto pelos Estados Unidos, cuja administração está a adotar "medidas sérias" para acabar com a guerra e alcançar uma paz "decente e digna".
O líder ucraniano foi hoje informado pela sua equipa de negociação sobre os resultados dos contactos com representantes norte-americanos, que ocorreram no domingo e na segunda-feira em Miami, no estado da Florida.
"[Recebi] um relatório detalhado da delegação ucraniana após todas as suas reuniões nos Estados Unidos. Falámos pessoalmente sobre assuntos que não podem ser tratados por telefone", afirmou Zelensky nas suas redes sociais, sem revelar nenhuma informação nova sobre o que foi acordado com os emissários da Casa Branca na Florida.
Como parte desses esforços diplomáticos, o enviado da Casa Branca, Steve Witkoff, e o genro do Presidente norte-americano, Donald Trump, Jared Kushner, estão hoje reunidos em Moscovo com o Presidente russo, Vladimir Putin, para apresentar as conclusões dos contactos mantidos pelo próprio Witkoff e pelos demais negociadores norte-americanos com os ucranianos na Florida.
De acordo com imagens transmitidas pela televisão russa, Putin estava acompanhado pelo seu conselheiro diplomático Yuri Ushakov e pelo seu emissário para questões económicas internacionais, Kirill Dmitriev.
A este respeito, Zelensky avançou em Dublin que espera sinais do encontro na capital russa e, se forem positivos, acrescentou, os seus representantes voltarão a reunir-se com a delegação norte-americana.
"Terão de nos informar imediatamente após a reunião (...). Em função desses sinais, e de como forem, serão decididos os passos a seguir", referiu o líder ucraniano.
"Se houver jogo limpo com os nossos parceiros, se for percebido como tal, talvez então nos possamos reunir muito em breve. Veremos a que nível", acrescentou Zelensky, que se declarou disposto, nesse caso, a encontrar-se cara a cara com Trump.
"Estou preparado. Tudo depende das negociações de hoje", sublinhou.
Já o primeiro-ministro irlandês reafirmou o seu total compromisso com a posição de Zelensky.
"Precisamos de um acordo de paz, precisamos de uma trégua. Estão a morrer demasiadas pessoas nesta guerra horrível", adiantou Micheál Martin.
O chefe do executivo irlandês acusou Putin de desprezar completamente "o valor da vida humana" e de procurar vantagens negociais intensificando os seus ataques contra a população ucraniana.
"A paz chegará à Ucrânia. Espero sinceramente que esse dia chegue em breve", afirmou Martin, acrescentando que uma das garantias mais importantes para a futura liberdade da Ucrânia é a sua adesão à União Europeia.
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