"Terra Nostra é um fenómeno, continua a fazer sucesso 25 anos depois"

  • 02/12/2025

Thiago Lacerda, de 47 anos, encontra-se em Portugal para apresentar ao público o monólogo "Quem Está Aí?", uma adaptação das obras de Shakespeare, encenada por Ron Daniels.

 

Em cena nos Estúdios Time Out, em Lisboa, até amanhã, 3 de dezembro, e com uma apresentação marcada para o Porto, na Sala M.Ou.Co., no dia 4 deste mês, o ator brasileiro contou-nos todos os detalhes sobre este espetáculo "bastante desafiador".

Passados 25 anos desde que deu vida a uma das personagens mais icónicas da sua carreira, o italiano Matteo da novela "Terra Nostra", Thiago Lacerda recordou também com carinho este projeto que ainda hoje é um enorme sucesso no Brasil e em Portugal. 

Começo por perguntar-lhe, ficou ansioso com o regresso ao teatro em Portugal?

Já estive em cartaz aqui em Lisboa, em 2004, com uma montagem do "O Evangelho segundo Jesus Cristo", de Saramago. Fizemos uma temporada linda no Teatro São Luís. Agora é um regresso a Portugal. A ansiedade está sob controlo, o espetáculo está muito seguro entre toda a equipa. Tenho a certeza de que é uma experiência que conecta bastante diretamente o entendimento da plateia. 

Qual a expectativa relativamente ao público português?

A expectativa é a melhor possível. O público português é um público acostumado a bons espetáculos, com experiência com teatro, então a expectativa é casa cheia, pessoas a partilhar connosco esta experiência shakesperiana linda.

E o público, o que pode esperar ao assistir a este monólogo que resulta da adaptação de três peças de Shakespeare?

Essa apresentação que trazemos a Portugal é um exercício do ator diante da palavra e do pensamento shakesperiano. O que o público tem experimentado nessas nossas andanças pelo Brasil e fora do Brasil é uma conexão com as fábulas shakesperianas, as grandes histórias que o autor inglês nos deixou. Essencialmente, no que diz respeito à reflexão sobre a natureza humana. Acho que esta experiência, esta vivência deste exercício shakesperiano, leva-nos a essa investigação a respeito de quem nós somos. Acho que essa é a grande colaboração do teatro do Shakespeare para todos nós. Uma viagem a respeito do que há de humano em cada um de nós.

Interpretar um monólogo é particularmente desafiante no trabalho de ator?

Sim, é bastante desafiador, bastante assustador. Estar sozinho em cena, ser responsável por contar a história, estar sujeito às imprevisibilidades que o palco oferece. A ausência de colegas, a ausência de um jogo teatral que envolve outros atores. Tudo é muito desafiador, mas tem sido também muito compensador o processo de itinerário das peças. 

Notícias ao Minuto Thiago Lacerda em cena© fotos @marceloeliasfoto  


Também o cenário é neste caso muito reduzido. Esta simplicidade e atmosfera intimista “faz crescer” o ator para de alguma forma preencher o palco? Há aqui também uma maior exigência?

Na verdade, a ideia minimalista do Ron Daniels, a ideia de limpar o cenário tem por objetivo deixar o foco na potência da palavra de Shakespeare, na potência das imagens que Shakespeare convoca com as suas histórias. Esse exercício da simplicidade, do desapego ao que não é essencial, leva-nos a ter acesso à potência dessas histórias que o autor inglês nos deixou. Acho que sim, a ausência de recursos cénicos acaba a trazer o foco da plateia para o que está a ser dito, para a palavra e para as imagens que o texto contém.

A minha ligação com Portugal é muito grande. Poertugal mora no meu coração de um jeito muito especialEm Portugal vai estar em Lisboa e no Porto, são cidades que já conhece bem?

Receio que, desta vez, não vai sobrar muito tempo para passeios. Mas de certa maneira conheço bastante bem o país, conheço o Interior, conheço várias regiões. Para passear tenho de voltar noutro momento, que espero que seja em breve. 

O que mais gosta em Portugal?

A minha ligação com Portugal é muito grande e eu tenho muita dificuldade em escolher o que mais gosto. É um conjunto de coisas, o país, a gastronomia, as pessoas, a cultura. A luz da cidade de Lisboa, o Porto, a diversidade de Portugal. É sempre muito bom estar aqui, acho que Portugal mora no meu coração de um jeito muito especial. 

Por cá, a imagem do Thiago continua a estar muito ligada à personagem Matteo da novela "Terra Nostra". Ainda lhe falam nesta trama icónica quando visita Portugal?

"Terra Nostra" é um fenómeno, é um trabalho que fez um sucesso imenso na altura e segue fazendo um grande sucesso. 25 anos depois cá estamos falando de "Terra Nostra", do Matteo, isso enche-me de orgulho, traz-me muita alegria.

No Brasil, por acaso, neste momento a novela está novamente no ar depois de tantos anos, fazendo sucesso novamente. As pessoas que assistiram na época da novela voltam a falar comigo com a perspetiva da memória, de um carinho especial. As novas gerações que não me conhecem, que não viram a novela e que estão a ter oportunidade de ver, falam comigo surpreendidas de como aquela era uma boa história, uma grande história. Um personagem muito carismático, um casal que na verdade resultou de um grande encontro em cena com a Ana Paula [atriz que dava vida a Giuliana]. Tudo isso deixa-me muito feliz, enche-me de orgulho. Curioso como um trabalho pode persistir tanto tempo no imaginário, no afeto das pessoas, isso é lindo. "Terra Nostra" sempre me trouxe grandes alegrias e segue trazendo grandes alegrias.

O Thiago já esteve em Angola com este mesmo monólogo, o plano é percorrer outros países?

Há algum tempo que me interesso por levar os nosso projetos de teatro para países de língua portuguesa, Portugal é sempre um destino, tenciono sempre vir com os meus espetáculos. Mas nos últimos anos tem sido muito difícil. Estive em 2004 e de lá para cá todas as montagens nas quais me envolvi tencionei trazer e nunca foi possível, mas agora criámos as condições.

Angola foi uma possibilidade que surgiu no âmbito dessa vontade pessoal de estreitar a nossa relação com os países de língua portuguesa. A ideia é voltar no próximo ano com o nosso outro monólogo, uma adaptação de "A Peste", de Albert Camus. A ideia é planearmos uma temporada para o próximo ano que inclua Portugal, nomeadamente Açores, que inclua Angola novamente, e, quem sabe, Moçambique e Cabo Verde. 

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FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/fama/2897881/terra-nostra-e-um-fenomeno-continua-a-fazer-sucesso-25-anos-depois#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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