Sobrinho critica Trump (após insultos): "A que ponto chegou este país?"
- 02/12/2025
Fred Trump III, um dos sobrinhos do presidente dos Estados Unidos, voltou a criticar Donald Trump, no domingo, questionando o rumo que o país está a tomar sob a sua liderança.
"Como pai de um jovem adulto com uma deficiência grave, o uso do termo 'retardado' é inaceitável e extremamente doloroso. A que ponto chegámos neste país para isto ainda ser necessário discutir?"
A questão foi deixada na conta da rede social X (antigo Twitter) do sobrinho de Trump, filho de Fred Trump, Jr., que morreu nos anos 80.
O filho de Fred, William, tem 26 anos e nasceu com uma mutação do gene KCNQ2, responsável pela produção de um componente dos canais de potássio, canais estes que controlam a atividade elétrica dos neurónios. Devido a esta mutação, William não consegue falar e não tem mobilidade, usando uma cadeira de rodas.
Publicação foi resposta após ataque de Trump
A publicação surgiu em resposta a comentários depreciativos feitos por Donald Trump na semana passada, quando, no dia 27, recorreu à Truth Social para criticar sarcasticamente os "cidadãos" e "patriotas" que, de acordo com o que diz, têm sido "simplesmente estúpidos" em relação ao tema da imigração.
Falando em particular da comunidade somali no estado norte-americano do Minnesota e do seu governador (e antigo candidato a vice-presidente dos EUA), Trump escreveu, incluindo um termo pejorativo e ofensivo para pessoas com deficiência: "O retardado do governador do Minnesota, Tim Walz, que tem sérios problemas de desenvolvimento, não faz nada, seja por medo, incompetência ou ambos".
Não só Trump escreveu esta ofensa numa publicação, como, dias mais tarde, a recordou em conversa com jornalistas no Air force One, notando que "muitos norte-americanos achavam ofensivo" o termo.
A bordo deste avião, que é o meio de transporte oficial do presidente dos Estados Unidos, Trump apontou ainda que "achava que havia algo de errado" com Tim Walz.
Sobrinho é crítico de Trump (e esta não foi a primeira vez)
Note-se que esta não é a primeira vez que Fred Trump III, de 63 anos, critica o tio, tendo mesmo já publicado um livro sobre a família intitulado, na tradução livre, "Tudo em Família: Os Trump e Como Chegámos Até Aqui" ["All in the Family: The Trumps and How We Got This Way", no título original].
A obra foi lançada o ano passado e nas cerca de 350 páginas, o sobrinho de Trump acusa-o de usar linguagem racista em conversações familiares e também de ter dito ao próprio Fred que o filho dele estaria melhor morto.
Segundo o que é detalhado, em maio de 2020, quando Trump ainda cumpria o primeiro mandato como presidente dos EUA, teve uma reunião na Sala Oval com o sobrinho, que achou que o momento seria breve. A conversa durou cerca de minutos e estava presente também o então Secretário de Saúde e Serviços Humanos do país, Alex Azar.
"Pensei que [Donald] se tivesse comovido com o que o médico e os defensores presentes na reunião acabaram por compartilhar sobre sua jornada com seus pacientes e os seus próprios familiares. Mas eu estava enganado", escreveu Fred, garantindo que Trump disse: "Essas pessoas [com deficiência]... Do jeito que estão, com todas as despesas, talvez esse tipo de gente devesse simplesmente morrer."
Fred Trump III conta ainda que, mais tarde nesse ano, teve uma conversa com o tio acerca de uma possível ajuda monetária para o fundo do filho - para o qual Trump já teria contribuído no passado. O tio ter-lhe-á respondido: "Não sei. Ele nem te reconhece. Talvez devesses deixá-lo morrer e mudar-te para a Florida.
Na altura em que o livro foi publicado, o porta-voz da de Trump, Steven Cheung, disse que as declarações presentes na obra eram falsas. "Tudo fabricado e notícias falsas ao mais alto nível", referiu o responsável, dizendo que quem conhece Trump sabe que "ele não usa essa linguagem".
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