Realizador iraniano Jafar Panahi condenado à revelia a um ano de prisão
- 01/12/2025
A pena inclui ainda uma proibição de viajar por dois anos e de aderir a qualquer grupo político ou social, especificou o advogado Mostafa Nili, que irá recorrer da decisão.
De acordo com a AFP, Jafar Panahi encontra-se atualmente fora do Irão, uma vez que passou as últimas semanas em périplo internacional a apresentar o mais recente filme "Foi só um acidente", e que incluiu uma passagem por Lisboa, no início de novembro, no Cinema Ideal.
Jafar Panahi, uma das vozes mais críticas do regime de Teerão, conseguiu sair do Irão em maio passado, pela primeira vez em 15 anos, e apresentou "Foi só um acidente" no Festival de Cinema de Cannes, em França, onde conquistou a Palma de Ouro.
"Foi só um acidente" é um 'thriller' moral que examina o dilema de antigos detidos tentados a vingar-se do seu torturador, num ataque direto à arbitrariedade das forças de segurança. O filme é também uma reflexão sobre a justiça e a vingança perante a arbitrariedade.
No agradecimento ao prémio em Cannes, Jafar Panahi apelou à liberdade no Irão: "Penso que este é o momento de pedir a todas as pessoas, a todos os iranianos, com todas as opiniões diferentes, em qualquer parte do mundo, que ponham de lado (...) todos os problemas, todas as diferenças. O mais importante neste momento é o nosso país e a liberdade do nosso país".
Jafar Panahi, 65 anos, é o único realizador que conquistou o prémio máximo nos quatro mais importantes festivais de cinema do mundo: A Palma de Ouro de Cannes com "Foi Só um Acidente", o Urso de Ouro do festival de Berlim 2015 com "Táxi", o Leão de Ouro de Veneza 2000 com "O Círculo" e o Leopardo de Ouro de Locarno (Suíça) 1997 com "O Espelho".
Em julho de 2022, Jafar Panahi foi detido no Irão, porque se apresentou em tribunal para acompanhar a detenção de um outro realizador iraniano, Mohammad Rasoulof, no âmbito de protestos contra o Governo iraniano.
Com aquela detenção, as autoridades reativaram uma sentença, de seis anos de prisão, que tinha sido declarada contra Panahi em 2010, à qual se juntou uma proibição de saída do país por um período de 20 anos, por "propaganda contra o regime".
Apesar de, meses depois, o Supremo Tribunal do Irão ter anulado aquela sentença e determinado a realização de um novo julgamento, Jafar Panahi permaneceu detido e só foi libertado quando iniciou uma greve de fome e pagou uma caução.
Em maio passado, por ocasião da presença em Cannes, Panahi foi perentório em entrevista à AFP: "Estou vivo enquanto fizer filmes".
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