Presidente da Bulgária exige demissão do governo devido a protestos
- 02/12/2025
"Os búlgaros levantaram a voz contra a corrupção e a anarquia", disse Radev num discurso dirigido ao país, no qual destacou como "milhares de pessoas" encheram as praças do país exigindo a demissão do Governo do primeiro-ministro, Rosen Zhelyazkov, que já descartou essa possibilidade.
Pelo menos 71 pessoas foram detidas na noite passada nas manifestações antigovernamentais que se tornaram violentas.
Já a moção de censura apresentada pelo partido europeísta PP-DB não parece ter hipótese de obter maioria suficiente para ser aprovada, assim como as cinco apresentadas até agora pela oposição ultranacionalista e pró-Rússia desde que o Governo foi constituído em janeiro passado.
O PP-DB anunciou que apresentará a moção na sexta-feira e que, na próxima semana, quando a iniciativa for debatida no Parlamento, convocará um novo protesto para exigir que o executivo renuncie e convoque novas eleições, que seriam as oitavas desde 2021.
O protesto de segunda-feira foi convocado contra o projeto de orçamento apresentado pelo Governo, formado pela formação conservadora GERB, pelo partido antissistema ITN e pelo socialista PSB, sucessor do antigo partido único comunista durante a ditadura.
A manifestação acabou por se transformar numa marcha contra o Governo, a mais numerosa da última década, segundo alguns analistas, durante a qual grupos violentos provocaram distúrbios.
A coligação tripartida, em minoria, é apoiada pelo DPS-Novo Começo, um partido liderado pelo oligarca Delyan Peevski, sancionado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido por corrupção.
O primeiro-ministro, Rosen Zhelyazkov, afastou hoje demitir-se e afirmou que o Governo cumprirá a integração total da Bulgária na União Europeia (UE), à qual aderiu em 2007, e na zona euro, a que está previsto que adira no próximo dia 01 de janeiro.
"Os próximos meses são cruciais para a orientação política da Bulgária. A adoção do euro não está absolutamente garantida. Esta complexa coligação que construímos tinha como objetivo que o nosso país completasse o processo de plena integração na UE", afirmou Zhelyazkov.
O primeiro-ministro anunciou igualmente que solicitou ao Parlamento a retirada formal deste orçamento, abandonando assim o seu plano anterior de o rever e acelerar o seu processo, para debater as suas questões mais controversas e redigir um que conte com o consenso dos empregadores e dos sindicatos.
Zhelyazkov também salientou que entrar em 2026 com os orçamentos do ano anterior coloca em risco a cobertura de grande parte dos compromissos sociais, pelo que fará tudo o que estiver ao seu alcance para que seja aprovada uma nova lei orçamental, a fim de completar a plena integração na UE, tal como estabelecido nos objetivos.
O projeto orçamental incluía aumentos de impostos e pensões e um maior endividamento para financiar a despesa pública, o que para muitos é uma tentativa de ganhar a lealdade da administração e das forças de segurança.
Os opositores da proposta orçamental argumentaram que o plano de aumento da despesa seria financiado principalmente através de impostos mais elevados para as empresas e os trabalhadores, assim como por um aumento acentuado da dívida pública. Para os críticos, isso estimularia a inflação sem melhorar a eficiência dos serviços públicos.
O Governo havia argumentado que a sua proposta orçamental era necessária para satisfazer a exigência da zona euro, nomeadamente ter um défice orçamental inferior a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Presidente pró-russo exigiu que fosse realizado um referendo sobre a introdução do euro na Bulgária e afirmou que a demissão do executivo é "inevitável".
De acordo com o mais recente índice de perceção da corrupção da organização Transparência Internacional (TI), a Bulgária ocupa o penúltimo lugar da UE, apenas à frente da Hungria.
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