"Perspetivas frágeis". Economia mundial deve abrandar em 2026
- 02/12/2025
No relatório Perspetivas Económicas, divulgado hoje, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aponta para uma moderação na trajetória do Produto Interno Bruto (PIB) a nível mundial, com o crescimento a abrandar dos 3,3% registados em 2024 para 3,2% em 2025 e para 2,9% em 2026, seguido de uma "pequena recuperação" para 3,1% em 2027.
"O crescimento deverá abrandar durante o segundo semestre deste ano [de 2025], à medida que a antecipação da atividade se desenrola e as taxas alfandegária efetivas mais elevadas sobre as importações para os Estados Unidos e para a China se refletem nos custos das empresas e nos preços finais dos produtos, prejudicando o investimento e o crescimento do comércio", descreve a organização.
"As projeções baseiam-se no pressuposto técnico de que as tarifas bilaterais anunciadas em meados de novembro se manterão durante o resto do período de projeção, apesar dos desafios jurídicos em curso nos Estados Unidos", ressalva.
Na introdução do relatório, o secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, sublinha que "a economia global tem-se mostrado resiliente este ano, apesar das preocupações com uma desaceleração mais acentuada na sequência do aumento das barreiras comerciais e da significativa incerteza política".
No entanto, avisa que o aumento dos direitos aduaneiros deverá conduzir "gradualmente a preços mais altos, reduzindo o crescimento do consumo das famílias e do investimento das empresas".
"Essas perspetivas continuam frágeis", avisa o responsável máximo da organização, vincando que se se verificar um aumento das tarifas, é expectável que esse movimento cause "danos significativos às cadeias de abastecimento e à produção global" e exista o risco de as elevadas avaliações de ativos, feitas "com base em expectativas otimistas de lucros empresariais" impulsionados pela Inteligência Artificial (IA), levarem a "correções de preços potencialmente abruptas".
No documento, a OCDE nota que "a elevada incerteza geopolítica e política também continuará a pesar sobre a procura interna em muitas economias", prevendo-se que as economias emergentes da Ásia continuem a ser as "responsáveis pela maior parte do crescimento global".
Para os Estados Unidos da América, a OCDE prevê que o crescimento do PIB seja de "2,0% em 2025, 1,7% em 2026 e 1,9% em 2027".
A China deverá crescer 5,0% em 2025, 4,4% em 2026 e 4,3% em 2027. Na segunda economia mundial, diz a organização, "o fim da antecipação das exportações, a imposição de taxas aduaneiras mais elevadas às exportações para os Estados Unidos, o ajustamento contínuo no setor imobiliário e o enfraquecimento do apoio orçamental deverão reduzir o crescimento".
O crescimento da zona euro "deverá abrandar ligeiramente, passando de 1,3% em 2025 para 1,2% em 2026, antes de aumentar para 1,4% em 2027, com o aumento das fricções comerciais a ser compensado pela melhoria das condições financeiras, pelos gastos de capital contínuos dos fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, e pela resiliência dos mercados de trabalho", refere a OCDE.
No Japão, a economia deverá "expandir-se a um ritmo moderado, impulsionada pela política orçamental expansionista no próximo ano", prevendo-se que desacelere de 1,3% em 2025 para 0,9% em 2026 e mantenha o mesmo ritmo em 2027.
Para a Índia, a OCDE prevê um crescimento de 6,7% no ciclo de 2025-2026, 6,2% em 2026-2027 e 6,4% em 2027-2028.
Relativamente à inflação, a OCDE espera que baixe de forma gradual na maioria das principais economias. Para os países do G20, conta que passe de 3,4% em 2025 para 2,8% em 2026 para 2,5% em 2027.
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