Papa diz que medo do Islão na Europa é gerado por quem rejeita a migração
- 02/12/2025
"Todas as conversas que mantive durante a minha permanência, tanto na Turquia como no Líbano, incluindo as que tive com muitos muçulmanos, centraram-se precisamente no tema da paz e do respeito pelas pessoas de diferentes religiões", explicou Leão XIV na conferência de imprensa a bordo do avião, quando questionado sobre a atitude de alguns católicos que veem como uma ameaça a presença de pessoas de religião islâmica na Europa.
"Sei que, de facto, nem sempre foi assim. Sei que na Europa há muitos receios, mas muitas vezes são gerados por pessoas que se opõem à imigração e tentam manter fora quem pode ser de outro país, outra religião ou outra raça", acrescentou.
A este respeito, reiterou que um dos valores da viagem que acabou de realizar era "precisamente chamar a atenção do mundo para a possibilidade de que o diálogo e a amizade entre muçulmanos e cristãos sejam possíveis".
Apontou o exemplo do Líbano como caso de convivência e afirmou que "essas são lições que também seria importante ouvir na Europa ou na América do Norte", onde "talvez" se devesse "ter menos receios e procurar formas de promover o diálogo autêntico e o respeito".
Leão XIV explicou igualmente que, no que diz respeito à mediação em conflitos, "o trabalho [da Igreja] não é, principalmente, algo que declaramos publicamente nas ruas; faz-se nos bastidores".
"Algo que já fizemos e continuaremos a fazer é tentar convencer as partes a abandonar as armas e a violência e a sentarem-se à mesa de diálogo para procurar respostas e soluções que não sejam violentas, mas sim mais eficazes e melhores para as populações", afirmou o Sumo Pontífice, numa referência aos conflitos no Médio Oriente.
Por outro lado, e quanto ao conflito na Ucrânia, explicou que se trata de "uma guerra com múltiplas dimensões, como o aumento do armamento, o crescimento da produção militar, os ciberataques e a questão da energia agora que o inverno se aproxima".
Nesse sentido, Leão XIV defendeu também a presença da Europa no plano de mediação para a Ucrânia.
"A presença da Europa é, de facto, importante, e essa proposta inicial [dos Estados Unidos] foi modificada também devido ao que a Europa defendia", observou.
A este propósito, assegurou que "o papel de Itália poderia ser muito importante, precisamente pela sua capacidade cultural e histórica para atuar como intermediário num conflito entre diferentes partes, entre elas a Ucrânia, a Rússia e, obviamente, os Estados Unidos".
"Posso sugerir que a Santa Sé incentive esta mediação e que procuremos, e procuremos em conjunto, uma solução que possa verdadeiramente conduzir a uma paz justa, neste caso na Ucrânia", acrescentou.
Leão XIV apelou também ao Hezbollah para depor as armas e abandonar a violência no conflito com Israel.
"Durante a viagem [ao Líbano], tive igualmente encontros pessoais com representantes de várias autoridades, pessoas e grupos envolvidos em conflitos internos e internacionais na região", afirmou, sublinhando novamente que não faz declarações públicas sobre este tipo de assuntos.
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