OCDE prevê aceleração do PIB em Portugal para 2,2% em 2026
- 02/12/2025
As projeções fazem parte do relatório Perspetivas Económicas, divulgado hoje em Paris pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), no qual a instituição também aponta para um abrandamento da economia mundial e da zona euro.
No caso português, "o crescimento sustentado dos salários e o emprego robusto aumentarão o consumo, especialmente porque a inflação e os custos do serviço da dívida deverão permanecer moderados" e, ao mesmo tempo, as reduções no IRS e o crescimento dos salários "irão apoiar os rendimentos das famílias, mas também abrandar a descida da inflação".
"Uma nova descida da taxa de poupança das famílias e uma evolução salarial mais forte do que o esperado poderão reforçar o consumo, mas também alimentar a inflação. Despesas públicas superiores ao esperado, nomeadamente na Defesa, também poderão aumentar a procura interna", avisa a OCDE.
Em contrapartida, apesar de apontar para uma aceleração da atividade económica em 2026, a organização ressalva que "a redução dos desembolsos de financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a elevada incerteza poderão pesar sobre o investimento, implicando um menor crescimento [do que o agora projetado] e uma menor inflação".
Os fundos europeus "impulsionarão temporariamente o investimento, mas a desaceleração da procura externa pesará sobre as exportações", explica.
O mercado de trabalho, o aumento do salário mínimo e a redução do IRS, diz, "deverão apoiar o consumo privado". Em paralelo, explica, o aumento dos pagamentos do PRR ajudará a economia ao contribuir para "um maior investimento público em 2026".
"O crescimento das exportações permanecerá moderado, refletindo a fraca procura externa num contexto de aumento das tarifas dos Estados Unidos da América e de elevada incerteza. Como a procura de mão-de-obra continua forte, a inflação moderar-se-á apenas lentamente para 2,0% em 2027", antecipa a OCDE.
Em relação à política orçamental portuguesa, a instituição liderada por Mathias Cormann refere que continuará a ser "expansionista em 2026 e tornar-se-á contracionista em 2027, refletindo principalmente o fim da implementação do RRP em 2026".
"A prudência orçamental e as reformas estruturais são fundamentais para sustentar o crescimento e manter a dívida pública numa trajetória de declínio firme", entende a organizando, considerando que, "a médio prazo, conter as pressões de despesas relacionadas com o envelhecimento e reduzir as despesas fiscais ineficientes criaria espaço para os investimentos públicos necessários para aumentar a produtividade".
No mesmo relatório, a OCDE prevê que o crescimento do PIB mundial passe de 3,2% em 2025 para 2,9% em 2026, com a atividade económica a enfrentar "perspetivas frágeis", seguindo-se uma "pequena recuperação" para 3,1% em 2027.
O crescimento da zona euro "deverá abrandar ligeiramente, passando de 1,3% em 2025 para 1,2% em 2026, antes de aumentar para 1,4% em 2027, com o aumento das fricções comerciais a ser compensado pela melhoria das condições financeiras, pelos gastos de capital contínuos dos fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência, e pela resiliência dos mercados de trabalho", refere a OCDE.
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