Missão da ONU no Iraque termina com alerta sobre situação humanitária

  • 02/12/2025

Após 22 anos, o mandato da Unami será encerrado oficialmente no final do mês, tendo o representante especial da ONU para o Iraque, Mohamed Al Hassan, apresentado hoje ao Conselho de Segurança o seu último relatório sobre a situação no país, além de um balanço do trabalho da missão.

 

Hassan destacou o "longo e difícil" caminho para a paz, segurança e estabilidade que o Iraque percorreu, após lutas contra os efeitos de décadas de ditadura, guerras regionais, conflitos internos, ocupação estrangeira e o terror do Estado Islâmico.

"Hoje é um grande dia para a comunidade internacional, que assiste ao encerramento honroso e digno de uma missão das Nações Unidas. (...) Com o apoio da comunidade internacional, o Iraque saiu vitorioso, mas com sacrifícios incalculáveis", assinalou.

Desde a adoção de uma nova Constituição até 13 processos eleitorais bem-sucedidos, o Iraque foi capaz de consolidar gradualmente conquistas arduamente alcançadas, apesar das adversidades, ressaltou o representante da ONU.

Mohamed Al Hassan deu crédito ao povo e líderes do Iraque após o país realizar no mês passado as suas sextas eleições parlamentares, marcadas "por um aumento notável da participação dos eleitores registados (56%) e por serem uma das eleições mais livres, ordeiras e fiáveis alguma vez realizadas no Iraque".

"Embora manifeste confiança de que o Iraque continuará a construir sobre esta sólida base eleitoral, espero fervorosamente que um novo Governo seja formado sem demora. Seria negligente da minha parte não observar que a formação de um novo Governo Regional do Curdistão continua pendente após mais de um ano de prolongadas negociações", observou.

No entanto, apesar dos progressos, os efeitos duradouros do conflito deram origem a necessidades humanitárias graves e persistentes, com cerca de um milhão de iraquianos a permanecerem deslocados internamente, segundo especificou o representante.

O regresso voluntário e reintegração são ainda dificultados por desafios económicos, sociais, de segurança e administrativos.

Entre os deslocados, estão mais de 100.000 Yazidis de Sinjar, grupo étnico-religioso minoritário de língua curda no norte do Iraque, que, passados 11 anos, ainda vivem em campos de deslocados em condições precárias, após sobreviverem aos horrores perpetrados pelos extremistas do Estado Islâmico.

"Noto com preocupação que as saídas dos campos de deslocados diminuíram significativamente em 2025. Estas comunidades necessitam de intervenções direcionadas que integrem o apoio humanitário com programas de desenvolvimento a longo prazo --- habitação, meios de subsistência, proteção social e reconciliação comunitária", apelou.

Mohamed Al Hassan abordou também a questão do repatriamento de desaparecidos do Kuwait.

Mais de três décadas depois da invasão do Kuwait pelo Iraque, que desencadeou a Guerra do Golfo de 1990-1991, muitas famílias ainda desconhecem o paradeiro de parentes.

Nesse sentido, o representante da ONU encorajou o Iraque e o Kuwait a manterem relações sólidas com base nos princípios da boa vizinhança, do respeito pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional.

"Permitam-me dizer, mais uma vez, que não vejo nenhuma razão pela qual o Iraque e o Kuwait não devam desfrutar das melhores relações", frisou.

Hassan garantiu ainda que a saída da Unami do país não marca o fim das relações entre o Iraque e a ONU, mas será o início de um "novo capítulo nesta longa e profunda parceria".

A saída da Unami "representa o início de um novo capítulo ancorado num Iraque que é senhor do seu próprio destino", afirmou.

A Unami foi criada em 2003 pelo Conselho de Segurança da ONU, a pedido do Governo iraquiano, e atuou como agente político especial para facilitar o diálogo político inclusivo, a reconciliação nacional, as eleições e os processos de reforma judicial no país.

Porém, em maio de 2024, o Governo iraquiano pediu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para que não prorrogasse o mandato da Unami para além da data acordada - 31 de dezembro de 2025 -, argumentando que as circunstâncias que exigiram a criação da missão há mais de 20 anos "já não existem".

Leia Também: Forças curdas do PKK retiraram-se da zona de Zap na fronteira iraquiana

FONTE: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/2898297/missao-da-onu-no-iraque-termina-com-alerta-sobre-situacao-humanitaria#utm_source=rss-ultima-hora&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed


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