Mentor de grupo acusado de burlar 88 vítimas no Porto confessa factos
- 02/12/2025
Na primeira sessão do julgamento, que decorreu esta manhã, o arguido tido como "o mentor do esquema" explicou que "tudo começou" porque serviu de intermediário a um amigo num empréstimo junto de terceiros e que este amigo "não pagou as prestações", tendo ele ficado "responsável pelo pagamento" daquela dívida e obrigado a "pagar todos os dias 500 euros de juros e mais juros".
"É tudo verdade. Eu apresentei um amigo meu a uma pessoa que lhe emprestou dinheiro. Ele estava a ser ameaçado e eu tive pena. Emprestei-lhe sete mil euros e ele pediu mais cinco mil, só que depois só pagou a primeira prestação e desapareceu. A pessoa veio atrás de mim e começou-me a cobrar 500 euros por dia de juros todos os dias e eu deixei de conseguir pagar", explicou o arguido.
O arguido explicou que publicou um anúncio no OLX para arrendar o apartamento de que se estava a mudar, fazendo-se passar pelo proprietário do imóvel, e que ficou com o dinheiro da renda e das cauções exigidas: "A primeira vez fiz isto sozinho", disse.
"Depois comecei a fazer com a minha tia e mais tarde fui ter com a pessoa a quem devia dinheiro e disse-lhe o que andava a fazer. Ela obrigou-me a fazer mais. Foi então quando começámos a arrendar apartamentos de Alojamento Local e pedia aos outros para se fazerem passar por donos das casas para assinarem os contratos e darem as contas deles", apontou.
Questionado sobre o facto de nunca ter feito queixa de que estava a ser ameaçado e extorquido, o arguido justificou-se dizendo que teve receio: "Tive receio pela minha família e tive vergonha", disse.
"Paguei quase 200 mil euros de juros sobre juros", contou.
Aos restantes arguidos, este arguido disse que "pagava a uns uma percentagem das rendas e a outros entre 150 e 500 euros por cada vez que ou iam com ele mostrar as casas, ou cediam a conta deles".
"Eu quero pagar tudo de volta", admitiu.
Os arguidos, com idades entre os 23 e os 51 anos, estão acusados pela prática dos crimes de associação criminosa, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento, falsidade informática, uso de documento de identificação alheio, furto e ameaça agravada.
Segundo acredita o Ministério Público (MP), o grupo burlou 88 pessoas, tendo conseguido com o esquema cerca de 180 mil euros, entre setembro de 2022 e fevereiro de 2024 (data da detenção dos arguidos).
O julgamento destes 16 arguidos tem já sessões marcadas até dia 17.
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